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domingo, 21 de dezembro de 2014

PAULO TAQUES ‘Diálogo será um exercício cotidiano’

Em entrevista ao Diário, futuro secretário-chefe da Casa Civil diz que pretende usar a experiência nos tribunais para fazer política, mas descarta candidatura 


O advogado Paulo Taques
KAMILA ARRUDA
Da Reportagem

O advogado Paulo Taques, escolhido pelo governador eleito como o novo secretário-chefe da Casa Civil, diz nesta entrevista ao Diário que irá pautar no diálogo seu trabalho à frente da Pasta. Neste sentido, o jurista acredita que sua carreira de mais de 20 anos como advogado poderá auxiliá-lo.

Taques nunca havia ocupado um cargo público até então. De acordo com ele, o que o animou a aceitar o desafio foi o fato de poder contribuir diretamente com a causa pública e o interesse coletivo.

Além disso, afirma que quer ajudar o governador eleito Pedro Taques (PDT) a promover as mudanças que traçou para o Estado durante a campanha eleitoral.

O secretário-chefe da Casa Civil é o responsável direto pela articulação política do Executivo estadual com a Assembleia Legislativa.

Apesar de não ter experiência política, o advogado garante estar preparado para este novo desafio e promete desempenhá-lo com eficiência.

De acordo com ele, os deputados estaduais terão abertura para participar da administração estadual no sentido de sugerir medidas e propor alterações.

Ele afirma que a ideia é calcar a relação em um diálogo intenso com todos para evitar que haja conflitos. “Nossa missão é fazer esse canal de comunicação, absolutamente limpo transparente e de portas sempre abertas”, afirma.

Isto porque, segundo ele, a intenção do governador eleito é fazer um governo participativo a fim de garantir eficiência das políticas públicas aos cidadãos mato-grossenses.

Diante disso, o jurista afirma que já tem se aproximado dos parlamentares. Ele afirma que tem conversado, principalmente, com os deputados integrantes da base de sustentação de Pedro Taques na Assembleia Legislativa, o chamado Grupo dos Onze.

Esse canal de comunicação a ser criado com os deputados também deve ser implementado para tratar com as prefeituras municipais. Os prefeitos recorrem à Casa Civil, que serve como um “porta-voz” do governador do Estado.

O trabalho de Paulo Taques junto ao Parlamento Estadual, entretanto, terá que ser intenso. Isso porque o governador eleito não conseguiu fazer a maior bancada na Assembleia Legislativa.

Então, para aprovar projetos de interesse do Executivo, Taques terá que buscar apoio de parlamentares que vão compor a nova oposição.

A base de Taques é formada por onze parlamentares, enquanto a oposição ao pedetista conta com 13 membros.

Com relação à eleição para a escolha da nova mesa diretora da Casa de Leis, entretanto, Taques afirma que o Executivo está inerte nesta questão.

“A eleição da Mesa diz respeito aos deputados e à Assembleia Legislativa. Não cabe a nos interferir ou dar palpite. Mas é certo também que o governador Pedro Taques considera de extrema importância que a nova diretoria da Assembleia seja comprometida com as mudanças que o cidadão espera. E essas mudanças têm que ocorrer já”, enfatizou.

O advogado também nos confidenciou que assim que assumir o comando do Palácio Paiaguás, Pedro Taques irá promover um verdadeiro pente-fino no Estado. De acordo com ele, o pedetista irá realizar uma auditoria em todos os convênios e contratos firmados pelo Executivo. “Vamos auditar tudo. Aquele que apontar qualquer indício de ilicitude nós vamos encaminhar o nosso relatório aos órgãos competentes para que seja investigado”, pontua.

DIÁRIO - O senhor nunca exerceu cargo público e começa já na Casa Civil, onde terá que dialogar com políticos experientes e dos mais diversos partidos. Sente-se preparado para a missão?

PAULO TAQUES - Você disse dialogar, e realmente o diálogo será um exercício cotidiano, não só com a classe política, mas também com as demais instituições e a sociedade civil como um todo. E é exatamente isso que fiz nos últimos 20 anos, no exercício da advocacia: conversar, dialogar, ouvir muito... Então, eu penso que essa experiência me ajudará nessa nova missão.

DIÁRIO - O senhor é um advogado conceituado e com uma grande carteira de clientes. O que o fez trocar essa posição confortável por um cargo espinhoso de secretário?

TAQUES – Eu diria que foram três motivos principais: o primeiro é o fato de poder contribuir diretamente com a causa pública, o interesse coletivo. O segundo é a oportunidade de ajudar o governador eleito no implemento das mudanças que ele pretende para o estado de Mato Grosso e sua gente, ou seja, para todos nós. E isso, eu tenho convicção, será um momento histórico importante. O terceiro é o desafio de fazer algo novo, diferente.

DIÁRIO - Nos dias que se seguiram ao anúncio do seu nome, muito se falou em nepotismo. Do ponto de vista legal, sabe-se que o parentesco de vocês não se configura como nepotismo, mas não seria melhor evitar este tipo de especulação?

TAQUES - Como você diz, foi só uma especulação, e creio que não podemos tomar decisões importantes em nossas vidas com base em especulações. Não há, como você disse, neste caso, a figura do nepotismo, que seria o impedimento legal, então tomamos a decisão com absoluta tranquilidade.

DIÁRIO - Todos sabem que, por causa da sua atuação no MP, Pedro Taques tem alguns inimigos no meio político. Não teme uma relação conturbada com a Assembleia?

TAQUES - Não acredito que Pedro tenha inimigos no meio político. Existem adversários e opositores, o que é natural e saudável na democracia. O governo — qualquer governo — precisa de oposição, do contrário seria uma ditadura. Mas não temo que isso possa conturbar o relacionamento com a Assembleia, pois não podemos nos esquecer de que o interesse público deve ser nosso objetivo principal.

Além disso, vamos estabelecer um canal de comunicação com todos, repito, todos os deputados eleitos, para que tenhamos uma via de mão dupla, e cada parlamentar possa, sem intermediários, dialogar com o governo.

DIÁRIO - O senhor tem conversado com os deputados eleitos a respeito da eleição da mesa diretora? Como o governo vai agir nesta questão?

TAQUES - Tenho conversado, sim, porém utilizando mais os ouvidos que a boca, ou seja, mais como observador, pois a eleição da Mesa diz respeito aos deputados e a Assembleia Legislativa. Não cabe a nós interferir ou palpitar. Mas é certo também que o governador Pedro Taques considera de extrema importância que a nova diretoria da Assembleia seja comprometida com as mudanças que o cidadão espera. E essas mudanças têm que ocorrer já. O cidadão tem pressa, está gritando a palavra “chega” faz tempo. As coisas no Brasil e em Mato Grosso estão mudando, só não vê quem não quer.

DIÁRIO - O senhor sempre foi um advogado com boas relações e penetração na mídia. Agora, será secretário de Governo. Podemos imaginar um candidato Paulo Taques num futuro não muito distante?

TAQUES - É verdade, tenho grandes amigos na imprensa, e me orgulho disso. Veja bem, minha missão, dentre outras, é de fazer política institucional e governamental, e não pessoal. Por isso, aceitei a missão de ser secretário-chefe da Casa Civil. É preciso que isso fique muito claro. Mas respondendo objetivamente sua pergunta, não serei candidato num futuro próximo ou distante.

DIÁRIO - Todos nós sabemos que a relação da Casa Civil com o Legislativo é muito tênue, principalmente por questões de espaços políticos no Governo e orçamento. Como lhe dará com isso?

TAQUES - Trabalhando para que essa relação tênue se fortaleça. Como? Dialogando com franqueza e transparência. Permitindo que o Legislativo participe do Governo, opinando e criticando, quando for necessário. Espaços políticos são conquistados, e estaremos abertos a isso. Mas a tal “faca no pescoço” não aceitaremos.

DIÁRIO - A Assembleia Legislativa aprovou nesta semana o orçamento impositivo. Isso ajudará na relação com os deputados, já que as emendas estarão garantidas?

TAQUES - Penso que sim, na medida em que tornam claras as regras do jogo, permitindo um planejamento com boa antecedência de como essas emendas serão utilizadas. Quem ganha com isso é o cidadão. 

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