Pages

domingo, 21 de dezembro de 2014

Pedro Taques e a política mato-grossense

flavio.jpg

Mato Grosso vive a expectativa pela posse de um novo governo estadual. A chegada de Pedro Taques (PDT) ao comando do governo tem um simbolismo. Para muitos, a eleição deste ex-procurador da República, responsável pelo combate ao crime organizado no Estado, inclusive com a prisão do bicheiro-comendador Arcanjo, representou (e foi festejada) como uma vitória sobre o atraso, sobre o desmando, sobre a corrupção, sobre a política do toma lá da cá. Sendo assim, o que esperar da política mato-grossense a partir de janeiro de 2015?
A chegada de Pedro Taques ao comando do governo abre possibilidades. O fato torna-se parte de um processo maior, de uma equação que tem como variáveis, além do futuro governo, o poder econômico, os poderes constituídos, os políticos tradicionais, os diferentes partidos, a sociedade organizada, os setores populares, a burocracia estatal, a crítica e o debate público.
É claro que a eleição de Pedro Taques, por si só, não determinará uma mudança substantiva. Esta não se efetivará, apenas, com a troca de nomes. Nossos problemas e carências também não serão resolvidos com messianismos, nem com um grupo de libertadores de ocasião. Será o processo que determinará algum tipo de avanço. 
Na história, a mudança está sempre em curso. Mesmo que pequena e às vezes imperceptível. Mas, ao falar das possibilidades abertas com a eleição do novo governador, vejo que nosso Estado vive hoje na atrocidade, exatamente por conta da degeneração de uma parte significativa dos seus agentes públicos, da corrupção generalizada, de uma classe política e de poderes que, majoritariamente, buscam apenas privilégios, e de um modelo de desenvolvimento econômico que além de concentrar toda a riqueza, é absolutamente devastador.
Taques fez campanha criticando o modelo que se despede no próximo dia 31 de dezembro e prometendo, insistentemente, mudança, justiça social e honestidade. Será preciso bem mais do que retórica para ver suas promessas cumpridas. O futuro governador tem a obrigação moral, política e até histórica, de reestruturar o nosso serviço público (fazê-lo renascer!) e garantir diferentes direitos da população, especialmente dos mais necessitados.
Tem que enfrentar flagelos gritantes na educação, saúde, segurança, abastecimento de água, saneamento básico, direitos humanos e no mal tratado meio ambiente.  No caso do campo, não dá pra fingir que não existem sem terras, pequenos agricultores, quilombolas, indígenas, pescadores, ribeirinhos. Não dá para fechar os olhos para toda uma rotina de violência envolvendo grilagem, concentração fundiária, despejos e exploração irracional da natureza. São opressões que começam no meio rural e que tem uma conexão direta com a crescente brutalidade urbana, com o tráfico de drogas, etc. O futuro governo mato-grossense terá que garantir a vida, tendo uma elite que se alimenta da morte.
Muitas forças negativas atuam contra a expectativa de governo de Pedro Taques. E como de costume, uma boa parcela tratará o governador eleito como um rei e não como servidor público. Por isso, espero que o processo que está em curso aponte para algum tipo de mudança positiva. Taques chega ao poder carregando a esperança de 833.788 mil mato-grossenses por mudanças nas suas condições de vida e de trabalho. Terá que fazer uma mudança ética, de valores e de visão do Estado.
Flávio Garcia é jornalista em Cuiabá

Nenhum comentário:

Postar um comentário