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segunda-feira, 16 de março de 2015

Políticos ligados a 'Nininho' têm regalias da Tripolo

No centro das atenções depois de receber pagamento milionário do governo estadual enquanto outras empreiteiras estão à míngua, empresa pertencente ao filho do parlamentar também sob suspeita por bancar despesas de aliados políticos do Primeiro-Secretário


Foto: reprodução ALMT
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Depois que o próprio governo de Mato Grosso contrariou o decreto do chefe do Executivo estadual, Pedro Taques (PDT) - publicado em 02 de janeiro, no qual determinou a suspensão de todos os pagamentos durante o período de 100 dias até a conclusão das auditorias -, e liberou R$ 3,3 milhões para a empresa Francisco Marino Fernandes e Cia Ltda, a Tripolo Engenharia, cujo dono é Faustino Bortolini, filho do primeiro-secretário da Assembleia Legislativa, deputado Ondanir Bortolini, o “Nininho” (PR), a tal empreiteira não saiu dos holofotes.

Os pagamentos para a empreiteira foram questionados pelo deputado Mauro Savi (PR). Correligionário de Nininho, o parlamentar lembrou que o Executivo reteve dinheiro de diversas empresas enquanto beneficiou exclusivamente a Tripolo Engenharia. "Vamos verificar por requerimento o porquê foi pago para uma determinada empresa se outros efetuaram serviços e não receberam", afirmou.

Os deputados José Carlos Junqueira, o “Zé do Pátio (SD) e Emanuel Pinheiro (PR) fizeram coro. “Precisamos de critérios mais claros para escolha das empresas que executam serviços emergenciais ao governo. É preciso saber o motivo da escolha de pagar uma empresa e não pagar outra”, disse Pátio. “Concordo com o deputado Zé Carlos do Pátio, é preciso que os critérios de escolhas sejam claros”, afirmou Emanuel Pinheiro.

Entre os parlamentares, no entanto, o questionamento mais incisivo partiu do deputado José Gonçalves Viana, o “Zeca Viana” (PDT). Diante da justificativa do secretário de Estado de Infraestrutura e Logística, Marcelo Duarte, segundo o qual o governo foi obrigado a liberar os pagamentos de serviços já executados pela Tripolo para garantir a realização de obras emergenciais na MT-130, trecho que liga Primavera do Leste a Paranatinga, Zeca Viana não se conteve.

Correligionário do governador Pedro Taques, Viana tem sua base eleitoral na região da MT-130, afirmou que a empreiteira teria vencido a licitação em 2014, mas não executou a obra. “Essa mesma empresa ganhou a licitação em 2014 para a recuperação da MT-130 e recebeu a ordem de serviço, não sei precisar a data certa, mas foi  em junho, ou julho, e não fez. E agora vem dizer que tem que pagar para fazer tapa buraco. A estrada  está em péssimas condições”, disparou.

MORDOMIAS

A ninguém é segredo que o primeiro-secretário da Assembleia Legislativa, é paranaense de Santo Antonio do Sudoeste, em Mato Grosso radicou-se em Itiquira – onde foi prefeito – e atualmente reside em Rondonópolis. Em Cuiabá, “mora” no luxuoso Hotel Paiaguás, a um custo médio de R$ 5 mil mensais. 

Até aí, tudo bem, que o dinheiro é dele – estranho é que aliados políticos seus gozem das mesmas regalias da hospedagem vip, bancados pela famigerada Tripolo Engenharia, conforme antes dito, umbilicalmente ligada ao parlamentar.

É o caso, por exemplo, do vereador Oslen Dias dos Santos, o “Tutti” (PSDB), que entre janeiro e fevereiro deixou Alta Floresta e veio à capital, onde foi hospedado no Hotel Paiaguás, por conta da Tripolo Engenharia. Provavelmente recebeu diárias da Câmara Municipal daquele município para a viagem... Procurado pela reportagem, o vereador não deu explicação alguma.

A reportagem do Centro-Oeste Popular continua no rastro da tal Tripolo Engenharia, assim como de outra saudável empresa ligada a outro importante parlamentar – esta, ao contrário de tantas que estão na UTI, também recebeu recentemente do governo estadual algo em torno dos R$ 3 milhões.

Por essas e outras é que há quem diga que o governador “jogou pesado” para a eleição da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso. 
Mas isso é outra história.

É BEM MATO GROSSO

Taques e Julier teriam ‘pego carona’ em avião de Maggi

Á época procurador da República e juiz federal, a dupla era responsável por ações judiciais nas quais réu foi o Estado de Mato Grosso, então governado pelo hoje senador Blairo Maggi, megaempresário do agronegócio e muito interessado na liberação da hidrovia Paraguai/Paraná

Conforme publicou aos 20 de junho de 2005 o sempre irreverente e bem-informado jornalista Marcos Antonio Moreira, o “Vila” - na coluna “Curto e Grosso”, que edita no www.supersitegood.com -, o atual governador de Mato Grosso, Pedro Taques (PDT) à época Procurador da República, e o então juiz federal Julier Sebastião da Silva – o qual pendurou a toga para filiar-se ao PMDB na vã esperança de ocupar a cadeira principal do Palácio Paiaguás – também cometeram o pecado de misturar suas funções públicas a interesses privados.

“Quando acusador e acusado, juiz e réu começam a andar juntos, mêrmão, tá passando da hora de encilhar o matungo, fincar a espora, abanar o chapéu e dizer bye-bye. Um dia depois de se recusar a receber o merecido troféu Motoserra de Ouro, pelos relevantes serviços de pró-devastação da floresta amazônica, Soja Maggestade Meu Rei Bráulio Mággico I e Último embarcou em seu jatinho e passou um fim-de-semanão junto com o juiz federal Julier Sebastião e com o Procurador da República Pedro Taques para sobrevoos no rio Paraguai, agora de olho no Troféu Pacu de Ouro – aquele que Meu Rei entra com o ‘Pá’ e o pantaneiro com o resto... Tema dominante no estranho pic-nic: desobstruir as barreiras legais que entravam a implantação da hidrovia Paraguai/Paraná, no trecho Corumbá/Cáceres, para acabar também com a maior reserva da biosfera. Independente do resultado das conversas, até segundo aviso, o governo de Mato Grosso – agora institucionalmente representado pelo governador Blairo Maggi – é réu em ação proposta por Taques e acatada por Julier, que resultou na tal ‘obstrução’ do empreendimento. Pior. O senhor Blairo Maggi, enquanto pessoa física e jurídica associada a multinacionais, é parte interessada na hidrovia”, escreveu o jornalista Marcos Antonio Moreira há dez anos.

Até hoje, ninguém o desmentiu: nem Maggi, nem Taques, muito menos Julier – este agora réu em ação penal movida pelo Ministério Público Federal (MPF) sob acusação de lavagem de dinheiro e outros crimes. Segundo a denúncia do MPF, o ex-magistrado teria embolsado ao menos R$ 135 mil, em pagamentos mensais, de empresas ligadas ao Consórcio VLT Cuiabá, por ter liberado a execução das obras do modal, que haviam sido suspensas em 2012 por ordem de outro juiz federal.

Além disso, ele usava um Pajero blindado, pertencente ao empresário Osvaldo Alves Cabral, representante da Planservi Engenharia Ltda, interessada no Consórcio VLT Cuiabá. A firma abocanhou contrato no valor de R$ 46,9 milhões para prestar o serviço de consultoria e supervisão da obra. O carro de luxo foi apreendido pela Polícia Federal (PF) na garagem de Julier Sebastião, na esteira da “Operação Ararath”.

Em Mato Grosso acontece... 

“Acontece coisa que até no Paraguai dá cadeia”, pra lembrar o “Vila”.

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