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segunda-feira, 16 de março de 2015

Por que escrevo? Antonio Joaquim é conselheiro e ouvidor-geral do Tribunal de Contas de Mato Grosso


Só viver vida privada e dizer não à política enquanto convivência coletiva é torna-se indivíduo indiferente ao que acontece ao redor


antonio joaquim ilustrando texto
Antonio Joaquim
Inauguro este espaço de artigo semanal explicando os motivos que me levaram a aceitar o convite do jornalista Romilson Dourado, diretor e editor do RDNews. Começo pelo sentimento de honra com tamanha deferência. Prossigo pela sedução do desafio e das perspectivas que a experiência enseja. Continuo pela oportunidade de exercitar uma postura que há muito tempo cultivo e defendo. E, sem alongar e preservar minha condição de discípulo da brevidade, confessar que, neste novo ofício, sinto-me um cidadão mais completo e realizado.
Nos parágrafos seguintes, tentarei ser objetivo ao discorrer sobre esse leque de motivações.
Sou agente público ocupante do cargo de conselheiro do TCE-MT desde 2000. Quando jovem, fui dirigente de futebol em Barra do Garças e militante político contra a ditadura e em defesa da democracia. Meu histórico partidário foi quase todo no PDT do saudoso Leonel Brizola, com passagem relâmpago pelo PSDB com o também saudoso Dante de Oliveira. Fui deputado estadual e federal, secretário de Estado de Infraestrutura e de Educação. Minha família tem tradição na pecuária, onde atuo criando reprodutores nelore. Sou orgulhoso da minha história, mas longe de ser um deslumbrado. Escrever para um veículo de imprensa honra essa trajetória. Porém, coloca-me em obrigação maior, a de honrar quem me ler.
São diversos os desafios. Ficarei em dois: 1) sair da zona de conforto que o cargo me proporciona. 2) respeitar as limitações que esse mesmo cargo me impõe. Escrever é se expor, sujeitar-se à crítica. É oferecer a sua opinião para a planície do debate. É testar em público a sua capacidade de abstração e análise de fatos, situações, conjunturas. É exercício de coragem. Ainda mais para alguém que ocupa função de agente público. Quero enfrentá-los com honestidade, coerência e objetividade.
Mas ressalvo, desde já, que não posso e não escreverei sobre assuntos que o TCE-MT estiver auditando ou julgando. Nem sobre aqueles que possam vir a ser objeto de julgamento. A lei me impede. Diferente se se tratar sobre fato já julgado. Também estou vedado a expressar sobre política partidária. Estes são os meus limites. Mas feliz com o mundo que se descortina e com a imensidão de temas e assuntos. Essas são as perspectivas alvissareiras para um articulista noviço e vou me embrenhar nesse universo, especialmente naquele que trata de qualidade da gestão pública e controle social.
Como Antonio Gramsci escreveu, odeio os indiferentes. Quem verdadeiramente vive não pode deixar de ser cidadão. A indiferença é abulia, parasitismo, covardia, não é vida. Viver é tomar partido, ele ensina. Concordo plenamente. Isso significava que, aquele que só vive a vida privada, e diz não à política enquanto convivência coletiva, torna-se um indivíduo totalmente indiferente ao que acontece ao seu redor. É o individual sobrepondo-se ao coletivo.
Tenho criticado o analfabetismo político e funcional, especialmente daqueles que, mesmo com formação escolar superior, não conhece como funciona, mas gosta de criticar o Estado, o Governo, as instituições públicas, não participa e diz que odeia a política. Gente que opera cérebro, constrói prédios, programa sistemas super complicados, mas é nota zero em interação na vida coletiva. Neste espaço, vamos enfrentar essa cultura. Vamos brigar feio com os indiferentes e os analfabetos funcionais, que só conseguem ver o seu próprio umbigo.
Tenho uma paixão confessa pelo debate e pelo exercício da cidadania. Os leitores verão que esse assunto vai permear meus artigos. Ser cidadão com deveres, obrigações e, consequentemente, direitos, me realiza, completa, dá sentido para a minha existência. Os valores democráticos instigam, vitaminam e fortalecem a minha capacidade motora. Espero, assim, conquistar a atenção dos leitores nesse ideário. Mas sempre como a convicção de que a unanimidade é burra. Graças a Deus.
Antonio Joaquim é conselheiro e ouvidor-geral do Tribunal de Contas de Mato Grosso e escreve exclusivamente para este Blog às quartas-feiras. www.anjoa@tce.mt.gov.br
http://www.rdnews.com.br/

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